quarta-feira, 28 de outubro de 2015

UMA VIAGEM LITERÁRIA

Geovani F. Santos 
 
 
 
Resultado de imagem para livros
 

Entrei nas páginas do livro como quem passeia em um jardim e enxerga seus encantos multissonantes.  Deixei-me absorver pela trama, suas ideias e nuances inesperadas. Cada personagem, cheio de vida, conduzia-me a prelúdios de expectativa ou precipitava-me num tédio insondável. Não podia me conter. A narrativa tinha vida, cor e cheiros insólitos. Neste lastro de sinestesias e percepções várias adentrei em mistérios cáusticos. Senti emoções inéditas, que me faziam revolutear o pensamento qual redemoinho em mil ponderações díspares.
Empreendi uma viagem de caminhos sinuosos através de um oceano visitado – antes e depois – por seres bizarros. Em dado momento, estes entes literários eram heróis. Mas, de súbito, num rompante infinitesimal, metamorfoseavam-se em vilões malévolos e insidiosos. Destes que maquinam conspirações e respiram malignidades inimagináveis. Seriam disfarces, papeis invertidos, encenação?
Pensei em deixar a leitura de lado, enfadado que estava com a morosidade absurda e consentida de algum herói-personagem. Faltava-lhes movimento, desfecho, ou seria vida na maior acepção da palavra? Novamente, num impulso, fui precipitado em catarata para dentro da obra – como para um mar encapelado. Descortinava-se, agora, assombrosas imagens de batalhas, dramas incontidos, paixões virulentas e um misto de drama e aventura amalgamado. Fui abarcado por pulsões emocionais avassaladoras e brutais. Meu coração parecia um tufão insopitável de sensações. Um turbilhão de pensamentos indomados me atropelou.
Pela segunda vez, pensei em abandonar a obra, dada a sua vertente de obviedades que me solapavam a consciência. Onde estou? Perguntei-me. Sobressaltado por páginas movediças, as quais adquiriam vida e fascínio – mas, ao mesmo tempo repulsa. Como posso experimentar em só momento prazer e asco; amor e ódio; apego e desdém? A mente me trai e os pensamentos encetam outras preocupações. Vou adiante.... Transponho o limiar de mais um capítulo, tão nebuloso quanto o primeiro. Todavia prossigo no afã de entender melhor o que se dará no seu derradeiro fim.
Creio que ler um livro é viajar. Por que ao lê-lo, procuramos entender a alma do autor e o sentido multifacetado que imprime a cada um dos seus personagens. Procuramos apreender o que ele deseja transmitir em cada tênue linha textual. A mágica está em continuar a leitura, afeitos por descobrir novos mundos, personagens e curiosidades intrínsecas. Ao se dobrar o seu último parágrafo, sentimo-nos como desbravadores indômitos chegando por fim ao seu alvo.           
 
           
 

 

       

Nenhum comentário:

Postar um comentário