quinta-feira, 22 de outubro de 2015

BRASAS NA FOGUEIRA

Por Geovani F. Santos


Quando se olha para o cenário político brasileiro o que nos vêm à mente num primeiro momento é vergonha. Este vocábulo encerra todas as angústias que revoluteiam a alma de milhões de compatriotas que simplesmente não aguentam mais com a tamanha desfaçatez e a roubalheira que tomaram conta do cenário cotidiano nacional. A reboque de todas estas lamentáveis situações, ainda temos que aguentar o jogo de empurra que envolve a signatária brasileira, Dilma Rousseff e o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.  A presidente luta com todas as suas armas para impedir que Cunha, aproveitando-se dos seus poderes constitucionais, saque contra ela o tão temível passaporte para Disneylândia, ou, diga-se de passagem, o impeachment. Para tanto, costura de todos os lados acordos com políticos ligados a Cunha, para que estes sirvam de interlocutores entre o planalto e o famigerado deputado.
 
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A troca de farpas é notória entre os dois lados e a retórica pesada de ambas as partes é um indicador de que o incêndio ainda não foi debelado e, portanto, os assessores da presidente ainda terão muito pano para manga nos dias porvir. Pediu-se a presidente que diminuísse o tom das suas palavras. O momento é de se buscar o consenso através do diálogo e não de se colocar mais combustível ao fogo. Pelo visto, essa novela acabará com um acordo de conivências em que um se proporá em não remexer a lama do outro. É melhor deixar quieto, porque se mexer demais vai feder.

 A velha política brasileira “do tudo acabar em pizza” ainda é uma realidade que nos atordoa e faz parte dos artifícios engendrados pelos fantásticos prestidigitadores que dizem nos representar. Os bônus sempre ficam com eles, enquanto os ônus dos seus desmandos acabam sempre sobrando para o bolso do contribuinte, que apesar de pagar as suas contas em dia, sofre por não ver os seus impostos revertidos para o bem da população. Isso porque fazer política no Brasil é apenas uma cortina de fumaça, uma espécie de trampolim em que o sujeito entra pobre, em alguns casos, e depois de algum tempo, passa a exibir um patrimônio que em se trabalhando jamais seria conquistado.

A vida política, portanto, concede riquezas nababescas aos seus figurões, cuja única meta é se dar bem nas costas daqueles que os elegeram, e nada mais. Enquanto isso, a miséria solapa os lares de milhões brasileiros que dependem de uma “bolsa família” assistencialista que não dá para comprar quase nada e, que, só serve para que o governo se promova com as suas propagandas mirabolantes e mentirosas de que está extinguindo a fome dos menos favorecidos. A realidade, todavia, prova o contrário.  

A verdade é que o mundo político segue anestesiado diante da realidade nacional, como se vivesse num universo à parte. Seria muita ingenuidade de nossa parte dizermos que eles não enxergam a verdade, porque isso não seria sensato.  Eles sabem bem o que estão fazendo e não são simplórios no que tange à bancarrota em que vive a economia do país. Mas, certas coisas são ignoradas em nome de interesses partidários e fisiologismo escancarado. Existe um certo jogo de interesses e, tais interesses são mais importantes do que o estado da nação. Em 2005, o então presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE) teve o seu mandato cassado quando se descobriu que ele recebia um tal “mensalinho” de R$ de 10 mil reais de um dono de restaurante que servia ao Congresso. No entanto, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) é acusado de ter contas milionárias na Suíça e, mesmo assim, prossegue no cargo inatingível.  Em editorial, o jornal O Globo de 21/10/2015 declara que a “oposição e a base fragmentada da situação se posicionam na questão Cunha de forma oportunista, para faturar dividendos”.  Vejam só, em vez de buscarem soluções conjuntas para restaurarem o equilíbrio econômico nacional e colocar o Brasil novamente nos trilhos do desenvolvimento, adotam medidas corporativas tendo em vista tirar alguma vantagem da situação. O PT o faz na esperança de que Cunha não deflagre o processo de impeachment contra a presidente Dilma; mas, por outro lado, a oposição torce para que Cunha vá adiante e dê sua última cartada contra o já combalido governo. É esperar para ver.

     

 

                     

 

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